MP-BA Realiza Audiência Pública sobre Alteração na Música de Claudia Leitte

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) agendou uma audiência pública para discutir a polêmica envolvendo a cantora Claudia Leitte e a modificação da música Caranguejo (Corda do Caranguejo), em que a artista substituiu o termo "Yemanjá" por "Yeshua".

Um inquérito civil foi aberto para investigar o caso, que ganhou repercussão nas redes sociais no final de dezembro de 2024. A denúncia foi apresentada pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).

Segundo a portaria do MP-BA, publicada nesta quarta-feira (8) e assinada pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, Claudia Leitte tem um prazo de 15 dias para apresentar sua defesa. Além disso, os compositores da música também serão ouvidos. A audiência pública está marcada para o dia 27 de janeiro, às 14h, no auditório da sede do MP-BA, em Nazaré, Salvador.

O MP-BA busca apurar se houve danos morais relacionados à honra e dignidade das religiões de matriz africana.

Em dezembro de 2024, o advogado Hédio Silva Jr., ex-secretário de Justiça de São Paulo e representante do Idafro, explicou os fundamentos da denúncia. “Ao substituir a palavra 'Yemanjá' por 'Yeshua', a cantora promove um apagamento cultural e histórico. É curioso que ela evita mencionar 'Yemanjá', mas não hesita em usar o termo 'Axé Music'. Isso levanta indícios preocupantes”, afirmou o advogado.

Questionada durante o Festival Virada Salvador, Claudia Leitte evitou aprofundar a discussão. “Esse é um assunto sério. Racismo e questões religiosas devem ser tratadas com profundidade, não superficialmente ou na internet. Respeito e integridade não são negociáveis”, declarou.

Apesar da controvérsia, a cantora voltou a apresentar a música com a alteração no trecho que menciona Yemanjá. Enquanto alguns fãs defenderam sua posição, chamando a reação de desproporcional, outros criticaram a mudança como um ato de intolerância.

A portaria do MP-BA cita artigos da Constituição Federal de 1988, que garantem a proteção às manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras. Também menciona o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, que reconhece as manifestações culturais afro-brasileiras como patrimônio histórico e cultural.

A audiência será um marco para debater os limites entre liberdade artística e respeito às tradições culturais e religiosas.

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